terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Nem sempre sou igual no que digo e escrevo. 
Mudo, mas não mudo muito. 
A cor das flores não é a mesma ao sol 
De que quando uma nuvem passa 
Ou quando entra a noite 
E as flores são cor da sombra. 


Mas quem olha bem vê que são as mesmas flores. 
Por isso quando pareço não concordar comigo, 
Reparem bem para mim: 
Se estava virado para a direita, 
Voltei-me agora para a esquerda, 
Mas sou sempre eu, assente sobre os mesmos pés — 
O mesmo sempre, graças ao céu e à terra 
E aos meus olhos e ouvidos atentos 
E à minha clara simplicidade de alma ... 

Alberto Caeiro

Nenhum comentário:

Postar um comentário